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Maringá, Cidade Ver...melha?

  • Foto do escritor: Marcos Guerreiro
    Marcos Guerreiro
  • 10 de jan. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 11 de jan. de 2024


Fonte: Previsão do Tempo Estadão, 09/01/2024


Desde criança ouço: “Maringá, cidade verde”, e não era muito difícil de entender o porquê, a maior parte das ruas permeadas com grandes árvores, algumas delas formando um túnel de galhos e folhas. Ainda é muito comum estas paisagens na cidade, contudo, ao caminhar pelas ruas e avenidas começamos a sentir a falta delas, principalmente nos dias quentes. As árvores têm estado em evidência nos últimos meses por conta dos grandes temporais que acabam derrubando as mais velhas e doentes, danificando a rede elétrica, construções, veículos e até pessoas. Porque será que muitos comércios e residências não fazem questão de plantar árvores em frente as construções, será que elas trazem mais problemas que benefícios? Como poderíamos minimizar os impactos negativos?


Os temporais têm trazido muitos danos na nossa cidade, e os maiores prejuízos vem da queda das árvores. Com a falta de poda por parte do poder público, burocracia e demora para cortar uma árvore condenada, falta de varrição nas ruas gerando montões de folhas nas calçadas e que acabam entupindo as bocas de lobo, não é de se surpreender o porque o cidadão não quer uma árvore em frente a sua casa ou comércio. As árvores, no longo prazo, tornam-se bombas relógio. Na Avenida Brasil (figura 01)  há quadras com apenas uma árvore, e muitas com menos de cinco. Nos bairros afastados, o mesmo padrão, e quando existem, são de pequeno porte. Quando uma árvore é podada, raramente é plantada uma outra no lugar. 


Figura 02: Avenida Brasil, quase não há mais árvores em frente aos comércios. - Acervo próprio.


Mesmo diante de tantos incentivos para as pessoas não quererem árvores, os benefícios desconhecidos precisam ser divulgados. Em 2018, uma tese de doutorado foi publicada pelo geógrafo Paulo Germano, analisando onde seriam os pontos mais quentes de Maringá - pontos em vermelho da Figura 02, as chamadas ilhas de calor - que é o excesso de calor artificial, e segundo suas observações, a parte mais central e antiga da cidade sofre bem menos com estes eventos, sendo mais notados nos bairros mais novos. Em uma superfície pavimentada descoberta não há proteção da luz solar incidente, o calor absorvido pelo pavimento é armazenado no chão e aquece o ar, nenhuma parte é usada pela transpiração ou e/ou transpiração vegetal. A conclusão dele é que onde existem mais árvores e estas são de grande porte é onde as temperaturas são mais amenas, nos bairros recentes existem menos árvores e elas também são mais jovens.


Figura 02: “Sensoriamento remoto aplicado à ocorrência de hot spots em ilhas de calor de superfície na cidade de Maringá-PR – 1984 a 2016”


As árvores ajudam a reter a umidade, diminuindo o aquecimento, erosão e alagamentos. Segundo Benecdit e Mcmahon (2006) as que têm maiores copas, tem condições de resfriar as superfícies de nove a treze graus, absorvendo entre 60% e 90% da radiação solar, minimizando os efeitos de ilha de calor, gerando sombras frescas. Removem também dióxido de nitrogênio, ozônio e partículas suspensas que afetam diretamente a qualidade do ar que respiramos. Liberam vapor d'água, resfriando a superfície das folhas. Somados, estes efeitos de resfriamento de uma árvore adulta equivalem a 10 aparelhos de ar condicionado domésticos trabalhando 20 horas por dia (LYLE, 1994). Fora as questões subjetivas, onde tem árvores as pessoas  preferem passar e permanecer.


E agora, como resolver este impasse? Não podemos ver a cidade "verde" se tornar "vermelha". As árvores são indispensáveis, porém podem ser um risco iminente. Uma solução seria a prefeitura autorizar o corte e a poda, onde o cidadão passa a ser o responsável por manter as árvores em frente ao seu lote. Ou seja, se ele perceber que existe risco, ele solicita uma autorização e monta um processo com fotos, inclusive com o replantio de uma muda. Só finalizaria depois de um intervalo de tempo, comprovando o cuidado com a planta, alimentando o sistema com fotos. Assim, o cidadão não fica só com o ônus caso algo aconteça e de mãos atadas, ele se responsabiliza de fato pelas árvores em frente a sua propriedade e ajuda a cidade a manter este patrimônio, já que o poder público provou ser incapaz de dar manutenção. E você, tem uma sugestão? Comente, precisamos conversar a respeito e encontrar uma saída.


Bibliografia:


BENEDICT, Mark A.; McMahon, Edward T. Green Infrastructure: linking landscapes and communities. Washington, D.C.: Islan Press, 2006.

GERMANO, Paulo J. M. Sensoriamento remoto aplicado à ocorrência de hot-spots em ilhas de calor de superfície na cidade de

Maringá–PR – 1984 A 2016. Tese (Doutorado em Geografia) , Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá. Maringá: 2018.

LYLE, John Tillman. Design for human ecosystems. New York: Van Nostrand Reinhold Company, 1985.

MENEGUETTI, Karin Schwabe. Cidade-Jardim, Cidade Sustentável: a estrutura ecológica urbana e a cidade de Maringá. Maringá: Eduem, 2009.


JusBrasil: "Podar uma árvore é crime?"


Embrapa: "Porque Manter as Árvores na área Urbana?"


GMC: "Descubra quais são os bairros mais quentes de Maringá" Disponível em: https://gmconline.com.br/noticias/cidade/calor-descubra-quais-sao-os-bairros-mais-quentes-de-maringa/ Data de acesso: 11/01/2024



 
 
 

2 comentarios


Renata Fáis Guerreiro
Renata Fáis Guerreiro
11 ene 2024

Esses dias quentes a cidade sofre, o comercio é afetado, e custo de energia vai nas alturas, fico feliz de saber que você defende essa causa, MARINGA PRECISA! 👏🏼👏🏼

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José Barbizan
José Barbizan
10 ene 2024

Em primeiro lugar, os cidadãos não podem por si mesmo plantar árvore nas calçadas, é proibido, e se ele plantar ele será responsabilizados por futuros danos causados pela queda da mesma, ou outros danos.

Também não é qualquer árvore que se pode plantar nas cidades, em Maringá a maioria delas são impróprias, suas raízes não conseguem penetrar o necessário no solo para sua sustentação e essa é uma das principais causas das quedas. Pode verificar que quando elas caem, elas não tem raízes.

T

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